Meio por acaso, no último domingo fui pela primeira vez ao recém inaugurado Museu da Rampa. Após um brunch com Nina e Márcia no Pé de Cajú, íamos à Pinacoteca para ver as exposições atuais, mas lembrei da possibilidade de ir ao novo museu localizado nas Rocas e assim acabamos lá.
*Área externa do Complexo Cultural Rampa [foto minha]*
Em função do meu trabalho da formação continuada de professores de História da rede municipal de ensino, eu já estava querendo fazer uma visita ao equipamento.
A impressão geral foi positiva, mas destaco dois aspectos que me chamaram a atenção.
Primeiro, nas salas alusivas à participação de Natal na Segunda Guerra Mundial senti muita falta de mais particularidades do impacto da guerra no cotidiano da cidade. Com exceção de uma "sala do blackout", que tenta recriar a experiência dos cortes de eletricidade como estratégia de defesa, que ocorriam em Natal à época do conflito, não há nada mais significativo a respeito dos desdobramentos para os natalenses da presença americana na cidade, durante a guerra. Além disso, há um foco muito grande nos intinerários de Roosevelt, da saída da sua comitiva dos EUA, até a chegada em Natal.
O segundo ponto diz respeito ao acervo, que se resume a dois uniformes militares e alguns poucos documentos escritos como jornais e livretos publicados na Itália à época da presença da FEB naquele país.
Também saí com a impressão de que o espaço físico do museu está superdimensionado em relação ao acervo disponível. Exemplo disso é uma sala intermediária em que está esposta uma exposição bastante genérica com a temática da paz, que se resume a cartazes com citações que passam por Bob Marley e John Lennon e chegam à Madre Tereza de Calcutá.
Espero que na permanência de um acervo limitado no museu, essa sala seja utilizada para exposições temporárias mais relevantes.
Mais uma vez Haruki Murakami integrou a minha lista de lidos. 2022 foi o ano em que descobri Alberto Mangel e a sua escrita envolvente sobre livros e literatura. Também enveredei por algumas leituras de obras de críticos de música como Luiz Felipe Carneiro e Ricardo Alexandre, descobri a obra do chileno Alejandro Zambra e li o meu primeiro Philip Roth, além do primeiro não-ficção de Paul Auster.
Mantendo a tradição, segue a relação de livros lidos ao longo do ano, com alguns comentários sobre os títulos que mais me chamaram a atenção:
Minha primeira experiência com Philip Roth. Lançado em 2000, o livro do autor parecia antecipar reflexões sobre o que hoje a gente chama de cultura de cancelamento e colorismo. Outro aspecto latente em toda a obra é a questão das identidades fragmentadas, problematizada na trajetória do protagonista Coleman Silk.
Aqui Paul Auster reflete sobre a sua relação com o pai ao longo dos tempos, logo após a morte deste e ao se ver precisando lidar com as lembranças materiais e memórias afetivas que surgiam à medida que explorava o apartamento do pai, agora desocupado.
Conheci esse livro através de indicação na newsletter de Gaía Passarelli. Na obra, Alberto Manguel faz uma série de reflexões sobre livros, literatura e crítica literária, enquanto tinha que lidar com o encaixotamento da sua volumosa biblioteca, ao se ver na situação de precisar se mudar de uma ampla casa no interior da França, para Nova York.
Borges perdeu a visão aos 55 anos, em consequência de uma condição genética. Em razão disso, passou a só ter acesso ao conteúdo de livros através de amigos com quem contava como leitores. Alberto Manguel foi um deles e esse pequeno livro é um delicioso relato do período em que Manguel conviveu com o autor de O Aleph.
Há pelo menos 10 anos venho me interessando muito sobre discussões a respeito de produtividade e o seu entorno, de aplicativos para gerenciamento de tarefas a abordagens como o GTD. Após um aumento considerável em meus níveis de ansiedade, problematizado em sessões de terapia e durante a leitura de Sociedade do Cansaço, de Byung-Chul Han, passei a ter um entendimento mais cético em relação a essa busca por produtividade. O livro de Oliver Burkeman traz reflexões inspiradoras e convincentes sobre o tema.
A obra foca no período em que Caetano trabalhou com a bandaCê, no Cê, Zie & Zie e Abraçaço, mas também aborda a experiência do compositor com outras bandas como a Black Rio e a Outra Banda da Terra.
Em relação à trilogia lançada entre 2006 e 2012, fica a constatação da minha caretice e ignorância no momento em que ouvi os dois primeiros discos. Ouvi bem pouco o Zie & Zie e gostei de imediato dos outros dois, apesar de ter recebido com estranheza a crueza e minimalismo dos arranjos de Cê. À época eu interpretava aquela proposta estética mais como limitação dos músicos que acompanhavam Caetano, do que uma escolha intencional e calculada. O cuidado que o livro teve em apresentar as trajetórias individuais dos integrantes da bandaCê trouxeram um contexto que me permitiu compreender melhor aqueles trabalhos.
Livro delicioso de Ricardo Alexandre, do já mencionado Discoteca Básica. Aqui o autor faz um relato bastante pessoal da sua trajetória enquanto crítico musical de veículos como a Bizz e Estadão e de como a sua própria carreira acompanhou as flutuações da indústria fonográfica entre o começo dos anos 1990 e o final da primeira década dos anos 2000. Também vale por várias histórias de bastidores de bandas como Skank, O Rappa, Los Hermanos, Pato Fu, Raimundos e várias outras.
Já há algum tempo eu tentava me organizar para ver a exposição "O Sertão Virou Mar", de Azol, que estava na Pinacoteca do Estado desde o final de maio. No último sábado, finalmente, aconteceu.
Além da exposição que mencionei acima, queria aproveitar a ida ao centro da cidade para fazer um pequeno tour com Nina pelo corredor cultural, já que a pequena está estudando sobre a História de Natal, na escola.
Algumas das obras que Azol estava expondo eram estritamente pintura e outras eram meio que fusões entre pintura e fotografia. No vídeo de apresentação da exposição, o artista explicava que os motivos e temas para as obras vieram de uma viagem que fez pelo interior do Rio Grande do Norte e de outros estados do Nordeste.
Mas não foi exatamente "O Sertão Virou Mar" que me causou uma forte impressão nessa ida ao Palácio Potengi. Além dessa mostra temporária, a Pinacoteca dispunha de duas exposições permanentes, um das quais com pinturas e esculturas de artistas norte-rio-grandenses. Saí daquela sala profundamente impactado com a obra exposta de Newton Navarro, que eu já conhecia de idas à própria Pinacoteca há vários anos, mas que dessa vez adquiriram um significado novo e forte.
História da Arte, no Ensino Médio e na graduação em História foram, de maneira geral eurocêntricas demais e quando abordavam aspectos das artes plásticas brasileiras, não costumavam a ir muito além de breves apêndices sobre Tarsila do Amaral e Cândido Portinari, o que certamente contribuiu para a minha ignorância e/ou falta de curiosidade a respeito de outros artistas brasileiros e, também potiguares. Em relação à arte produzida no Rio Grande do Norte, além de me faltar repertório, eu tinha uma impressão ignorante e generalista de que o que se produzia por aqui não tinha qualidade suficiente para concorrer com o que era consagrado como nacional, fosse nas artes plásticas, música, teatro ou cinema.
Desde que comecei a me envolver com composição e produção musical, sobretudo após o início do SeuZé, em 2003, foi inevitável para mim pensar em como situar os projetos dos quais eu participava na discussão “artista nacional” x “artista local”. Esse era um debate bastante frequente na música naquele momento em que iniciativas como o Fora do Eixo e as dezenas de festivais independentes de música Brasil a fora, contribuíam para a descentralização dos olhares e ouvidos para o que estava sendo produzido no país.
Mas foi somente após assistir mas assídua e atentamente as montagens de grupos teatrais natalenses, especialmente dos Clowns de Shakespeare, que fui gradualmente me livrando desse complexo de viralata e construindo o entendimento de que não é necessário a validação de carimbo "nacional" para se atestar a qualidade de de expressões artísticas.
Essa última ida à Pinacoteca e, sobretudo, a força e personalidade da obra de Newton Navarro, fortaleceram ainda mais essa noção em mim.
Saímos mais tarde de casa do que eu gostaria. Por volta das 11h. Mas o nascer do sol tardio para os padrões natalenses e o frio matinal do inverno montevideano, justificam, em parte, nosso atraso.
Começamos o programa do dia com um passeio na orla da cidade, seguindo a famosa Rambla. Saímos de Punta Carretas em direção a Pocitos. Quem é acostumado com a orla de cidades nordestinas como Natal e especialmente Maceió, a "via costeira" de Montevidéu não impressiona. O fato de eu já ter conhecido o Rio da Prata em Buenos Aires e Colônia, também contribuiu para enfraquecer a impressão que tive da costa da cidade. De toda forma, fui impactado pelo casamento da paisagem natural com a arquitetura sessentista dos prédios da Rambla.
Talvez por se tratar de um dia de semana, senti a falta de mais pessoas caminhando ou se exercitando pelo calçadão daquela que parece ser uma das áreas mais nobres da capital uruguaia.
Continuamos caminhando até o letreiro da cidade, tal qual o que inauguraram recentemente em Natal, na Praia de Areia Preta. Pausa para fotos e vídeos de turista e decidimos voltar ao nosso ponto de origem, dessa vez caminhando por dentro do bairro de Pocitos. Em geral, achei a paisagem dessa área de Montevidéu bem parecida com Copacabana e outros bairros da Zona Sul carioca.
Um dos momentos mais legais desse dia de flanagem, foi chegar, por acaso numa feira de alimentos, de rua. Para quem tinha como referência as feiras natalenses, aquela uruguaia me encantou bastante. Fiquei surpreso com a aparência, tamanho e suposta qualidade dos vegetais expostos. Também não passaram despercebidos alguns trailers/caminhões que vendiam diversos tipos de queijos e embutidos.
Mas um pouco de andança pela região e acabamos chegando no lugar que havíamos escolhido para almoçar: o restaurante Le Perdiz. Mais uma vez fomos em busca dos assados do Uruguai. Mais uma vez foi uma experiência ímpar degustar a carne do país. É impressionante como eles conseguem conciliar uma carne extremamente macia, limpa e no ponto certo. Não lembro se já abordei isso em textos anteriores sobre essa viagem, mas eu saí do Brasil com um certo receio dos preços dos restaurantes do Uruguai. Os blogs e demais fontes que consultei alertavam para esse fato. No fim, achei tudo meio compatível com o preço que se pratica em Natal. Considerando que estamos pagando cerca de R$ 50 por pessoa em churrascarias nobres da cidade é que gasto isso ou mais quando vou, por exemplo, ao Rachid's, penso que está bem razoável.
Após o almoço, nos separamos em dois grupos e rumamos em direção ao Estádio Centenário. Mais uma vez achamos mais fácil tomar um Uber do que outras formas de transporte.
Provavelmente Montevidéu não precisa de um sistema de metrô. Os ônibus não aparentam andarem muito lotados e parecem chegar a praticamente toda a cidade, mas confesso que fiquei um pouco mal acostumado com as facilidades do metrô de Santiago.
A ideia de programação para o estádio-sede da Copa de 1930 era uma visitação ao Museo do Futebol. Assim foi feito. No geral, achei o museu bastante desorganizado. Não há uma lógica na disposição dos itens expostos. Não se sabe se estão organizados de maneira temática ou cronológica. Inclusive há a presença de uma série de objetos que não são diretamente ligados ao esporte bretão. É o caso de alguns cartazes de jogos olímpicos.
O segundo andar do museu tinha itens mais interessantes, como troféus e camisas de clubes e da seleção do país.
Mas a melhor parte da visita ao museu foi poder entrar e contemplar o estádio a partir da arquibancada. A minha ligação com o futebol, por si só, já seria suficiente para que uma ida ao Centenário me emocionasse de alguma forma. Mas, por razões desconhecidas, vim nutrindo ao longo da minha vida um tipo de admiração pelo futebol uruguaio. Até consigo listar alguns episódios esporádicos em que a mística da celeste e do futebol uruguaio como um todo me tocaram, como a final da Copa América de 1995, as oitavas de final da Copa de 1990 e a graça de ter sido pego de surpresa ao poder ver um jogo do Penharol, em Colônia, em janeiro de 2011.
Estar no Centenário, ainda que apenas na condição de visitante, trouxe-me uma emoção diferente. As condições gerais do estádio me surpreenderam positivamente. A impressão que construí nos últimos anos, ao assistir partidas e reportagens pela televisão, era a de que o estádio estava em condições de conservação piores do que as que de fato encontrei.
A vontade de assistir uma partida naquele templo do futebol tomou conta de mim tão logo deixei as arquibancadas. Passei tanto tempo deslumbrado que quase perdi a hora de mais uma etapa do tour: uma visita ao mirante daquele equipamento esportivo. Segundo a guia que acompanhou a mim e Marcia, aquele era o ponto mais alto da cidade para uma mirada em 360º.
Experiência interessante, ter uma impressão das cercanias do estádio de um ponto tão alto, mas o Centenário parecia imantado em relação aos meus olhos. Logo esqueci da paisagem mais ampla de Montevidéu e voltei minha atenção para o templo do futebol uruguaio.
Infelizmente, a lojinha do museu estava fechada quando eu e Márcia concluímos nossa visita, mas os últimos momentos no lugar foram suficientes para que os gentis funcionários, ao perceber meu deslumbramento, me informassem que o jogo do Nacional, que acontecerá amanhã - e eu imaginava que ocorreria em outro campo - será ali mesmo, no Centenário. Confirmei a informação na bilheteria, mas preciso descobrir onde posso comprar minha entrada, já que, por alguma razão, os ingressos não serão vendidos no palco do espetáculo.
Após deixar o museu, demos uma volta no mesmo parque em que já estávamos. Como de praxe, havia muitos brinquedos de criança e Nina se fez. Num dado momento foi interessante ver Nina interagindo com uma garotinha montevideana com idade semelhante a dela. Mais uma vez fomos bem recebidos por locais da cidade. O pai da nova colega de Nina foi bastante gentil e nos ajudou bastante ao indicar o local correto para pegarmos o ônibus que nos levaria de volta a Punta Carretas.
Ontem fui ao show de Alceu Valença, pela programação do Carnaval de Natal. Tentei me programar para ir à apresentação de Moraes Moreira na sexta, mas a preguiça bateu mais alto.
Como tenho feito nos últimos anos, mais um show que eu ainda não tinha visto riscado da lista. A banda de Alceu parecia boa, mas o som não ajudava.
Muito bom ver o Carnaval de Natal ganhando fôlego e poder observar as ruas cheias de pessoas. No geral, estou gostando da organização do festejo. Desde a preocupação com o uso de garrafas de vidro pelos foliões, até a pontualidade no horário de saída dos blocos e dos shows.
Bacana seria ver esse tipo de iniciativa da prefeitura ao longo do ano: atrair as pessoas para ocuparem as ruas em diferentes circunstâncias. Todos os projetos que tem essa premissa funcionam, por menor esforço que se demande da iniciativa pública. A ocupação da Via Costeira aos domingos e o Eco Praça são exemplo disso.
Tanto no sábado, quanto ontem, optamos por deixar o carro em casa e ir de Uber. Não podíamos ter tomado decisão melhor. A sensação de liberdade por não ter que ficar se preocupando com estacionamento e em ter um motorista da rodada compensa de longe os trocados que desembolsamos pelo transporte.
Hoje o ABC jogou pela Copa do Brasil e classificou-se após empatar com o Ceilândia, no Distrito Federal. 1x1. Agora enfrentaremos o Audax (SP), que despachou o Mequinha.
Ainda estou boquiaberto com a sapatada que o Barcelona levou do PSG. 4x0, em Paris. Pena não ter podido assistir esse jogo.
Na verdade, eu pude assistir um jogo queria, mas acabei sem fazê-lo. Botafogo X Olímpia, do Paraguai, pela Libertadores. Estava em casa, acordado, com o jogo passando na TV, mas a preguiça me dominou e passei a noite perdendo meu tempo fuçando besteira no celular. Tirei o app do Facebook do meu iPhone e iPad, no intuito de perder menos tempo com redes sociais, mas acabo me distraindo muito com o Twitter e o Instagram. Minha justificativa , nada convincente, é que o Twitter e o insta têm alguma nobreza que o Face não tem, ou conteúdo mais relevante. Mas, no fim das contas, fico meio zumbi fazendo scrolling nos apps, enquanto poderia estar lendo, vendo um filme, série, ou brincando com Nina. Talvez seja hora de fazer outro mutirão de unfollow ou simplesmente escolher outro app para apagar.
Também preciso parar de ficar mandando material para o Pocket, sem que eu consiga dar conta de ler tudo. Na verdade, ando me sentindo meio sufocado com a quantidade de coisas que acumulo para acompanhar. Kindle cheio de livros, MUBI, Amazon Prime e Netflix abarrotados de filmes, séries no Plex, centenas de livros físicos na estante, por ler, Xbox e Recalbox com centenas/milhares de jogos por começar.
Como filtrar tudo isso e chegar a um pretenso essencial?
Mais um início de ano em Tabatinga. Há bastante tempo não consigo ficar muito numa casa de praia sem que a vontade de voltar para a cidade (e ter os mimos tecnológicos por perto) apareça. Por outro lado, poucos são os momentos do ano em que consigo clarear a mente e pensar na vida com mais calma.
- Meio que vindo de encontro ao post anterior, ontem aconteceu uma invasão de sem-terras à Secretaria Estadual de Assuntos Fundiários e de Apoio à Reforma Agrária. Cerca de 200 membros do MST se instalaram nas dependências da secretaria, alguns deles portanto facas e pedaços de pau. Eles reivindicavam promessas não cumpridas de desapropriação de terras. Detalhe: as desapropriações são jurisdição do Governo Federal. Depois de despertarem o medo dos funcionários e a curiosidade da imprensa, partiram em marcha rumo ao INCRA, o lugar correto para os protestos. Já sabe. Se esse blog passar alguns dias desatualizado, considere a possibilidade de eu estar refém do MST.
- Está cada vez mais insuportável parar nos semáforos da cidade. Raros são os cruzamentos que não abrigam aquela massa de desempregados sedenta para pôr a mão no seu pára-brisa. Ao invés de limparem os vidros eles acabam sujando tudo e, muitas vezes, danificam os limpadores dos carros. Em alguns sinais, como os que ficam em Ponta Negra, na rótula de entrada para a Via Costeira, vez ou outra aparece um carro da Guarda Municipal, o que faz com que os flanelas fujam em debandada. Já ouvi falar sobre alguns casos de mulheres terem sido assaltadas e de serem costumeiramente insultadas pelos ditos cujos. O pior de tudo é quando , vez ou outra, eu me pego desviando, inconscientemente, do caminho mais lógico para os meus destinos para evitar parar em sinais cuja abordagem é tida como certa.
- A cada dia, a cada nova leitura, me surpreendo com a genialidade de Honoré de Balzac. Há uns dias comecei a reler Eugenie Grandet e estou me deliciando com as ricas criações de personagens feitas pelo francês que universalizou a expressão “mulher de trinta anos”. Quem ainda não conhece a obra do autor e está interessado a se iniciar nos trabalhos do gênio, aconselho começar por Pai Goriot e Eugenie Grandet, ambos fáceis de se encontrar e com leitura não muito densa. A coleção “obras-primas” da Martin Claret, que é bem acessível, editou esses dois livros há pouco tempo. A Biblioteca Central da UFRN também dispõe de um acervo generoso das obras de Balzac. Outra boa pedida é procurar pelo filme “Balzac, Uma Vida de Paixão”, que vez ou outra é exibido no Eurochannel e é estrelado por Gerard Depardieu. Fica a dica. Falo sério!
- Cheguei a iniciar a leitura de O Código da Vinci, mas por falta de tempo não consegui progredir na obra. Sobre o filme, boa parte das críticas que li afirmam que ir ao cinema sem ter consumido a obra de Dan Brown não é uma boa pedida. Como são poucos os críticos que levo a sério, devo ir ver o filme antes da segunda tentativa de ler o livro.
No mês de agosto completarei três anos de trabalho no serviço público. Até agora, tem sido um período muito bom, de experiências e constatações interessantes.
O tempo que passei prestando serviços ao Estado foi suficiente para eu perceber que a imagem de serviço público que reina no senso comum não é uma regra. Tive a oportunidade de trabalhar numa pasta de governo extremamente comprometida e eficiente e, de certa maneira, me sinto responsável por ajudar a posicionar o Rio Grande do Norte como modelo nacional e internacional quando o assunto é políticas eficazes de reforma agrária.
É lógico que também pude constatar de maneira prática o porquê de o serviço público ser esteriotipado de maneira tão negativa. É de indignar qualquer poço de paciência, ver indivíduos se escorarem na ineficiência da fiscalização da máquina pública e – como dizem os antigos – não darem um prego numa barra de sabão. Para a minha surpresa, porém, essa realidade foi irrisória em 33 meses de experiência.
Uma coisa que pude observar e sempre me deixou bastante indignado é a possibilidade real de contenção de despesas do serviço público. É impressionante como os funcionários que detém cargos de chefia possuem regalias que oneram as contas públicas. Carros de LUXO e celulares à disposição. Se em cada pasta dos governos estaduais fosse feito um esforço no sentido de conter certos gastos, apareceriam recursos que faltam para pôr em prática muitos projetos. O pior de tudo é que essas regalias e gastos são tão comuns quanto legítimos. Não há contestação, nem mesmo peso na consciência dos beneficiados diretos. É tudo perfeitamente legal.
* * *
Outro dia, encontrei com um colega de faculdade no ônibus. Além de conversarmos sobre História e vida acadêmica, papeamos também sobre trabalho. Além de pretendente a historiador ele também é funcionário público. Mas as semelhanças com este que lhe escreve cessam aí.
O meu colega de faculdade tem um cargo de chefia, deve ganhar cerca de dez vezes mais do que eu e não parece se lembrar que existe um carro novinho à sua disposição, oferecido pelo povo potiguar. Seu automóvel estava no conserto e ele, deliberadamente, não viu problemas em tomar alguns ônibus e deixar os veículos do Estado quietinhos nos seus lugares.
Há alguns meses venho relutando contra a lerdeza do eMule e a instabilidade do Soulseek. Para a minha sorte, tenho baixado muita coisa legal por outros meios.
Há cerca de um mês recebi um convite para participar de uma comunidade excelente de troca de arquivos por meio de torrents (clique aqui se não souber sobre o que estou falando), o Brasil-Share. Na página da comunidade você encontra apenas os links que apontam para os arquivos que estão nos computadores dos usuários. A política de transferência que eles adotam é bem interessante e justa. Para continuar no grupo, os integrantes têm que compartilhar pelo menos a mesma quantidade que baixaram. Se você baixou dois filmes que juntos somam 2 GB, terá que compartilhar os mesmos 2 GB. Já peguei muita coisa boa. Nas últimas duas semanas baixei a 1ª temporada completa de ROMA (série recentemente exibida pela HBO) e os 5 primeiros episódios de Star Wars, além de alguns episódios de Lost. O único porém é que os cadastros só podem ser feitos por membros da comunidade. Se tiver algum conhecido com convite disponível, implore por um que vale à pena.
De tão empolgado com as possibilidades que o Brasil Share oferece, diminuí um pouco o ritmo de downloads de músicas. Mas, com a descoberta dos blogs de MP3, suponho estar voltando à mania de colecionar discografias completas de artistas com os quais me identifico.
A partir do momento em que as grandes gravadoras se valeram de recursos jurídicos para tentar conter os prejuízos causados com a difusão dos arquivos MP3s e similares, proibindo o funcionamento de sistemas como o Napster, uma ótima solução para quem não quer se privar das benesses dos downloads de músicas, são os blos de MP3. Os usuários desses blogs aproveitam os serviços gratuitos de armazenamento de arquivos como o Mega Upload e o Radid Share, transformam em MP3 os seu antigos e raros LP’s – em alguns casos CD’s – e postam em suas páginas os links para o bem bom. Seguem abaixo alguns links para bons blogs de MP3 que já encontrei.
Quando ingressei na UFRN em 2001, desconhecendo as possibilidades de trabalho que o curso de história poderia me proporcionar, estava decidido a ser um especialista em Arqueologia e na História do Egito. Viajar para Cairo e adjacências e descobrir restos mortais de antigos faraós, estavam entre os meus projetos de trabalho.
O tempo foi passando e a cada disciplina que me despertava o interesse, o projeto de vida mudava. Várias foram as áreas de atuação que me seduziram.
Meio sem perceber, meio sem querer aceitar, aos poucos, como uma amante implacável, a música foi me desviando o interesse pela vida acadêmica. O resultado foi um curso mal feito e totalmente improvisado. Depois que tranquei a primeira disciplina, ainda no segundo período de curso, sucederam-se uma série de abandonos e desistências. Outro dia, quando peguei um histórico, bateu uma tristeza ao ver a seqüência de trancamentos e reprovações por falta.
O pior de tudo não são as estatísticas em si, mas o fato de eu me sentir preso durante todo esse tempo por me sentir ligado à UFRN. Não me sinto totalmente à vontade para investir em outros trabalhos e projetos, sabendo que a minha história acadêmica ainda não acabou. Tudo só acontecerá de verdade depois da conclusão: concursos públicos, estudo de música. O mais complicado é observar que apesar de oficialmente ligado à universidade, mal gasto tempo com ela. O resultado é que diminuí muito as leituras paralelas ao curso que, eu costumava fazer com todo gosto até os primeiros semestres de vida acadêmica. Começo a ler algo que me interessa, me empolgo, no fim sempre me censuro por constatar que o tempo que estou usando para tal atividade poderia ser aplicado na conclusão do curso.
Já se vai um ano e meio desde que comecei a escrever a minha monografia e nesse intervalo de tempo não fiz nada realmente bem feito, como queria fazer. Fico com a monografia inacabada e não me sinto livre para dedicar-me de verdade a outros projetos.
Ontem à noite fui à UFRN e, sem querer, percebi que as últimas visitas que fiz à instituição foram para trancar disciplinas, pegar declarações ou utilizar os serviços do Centro de Convivências.
Para sair de uma vez por todas desse calvário, assumo aqui um compromisso público. Dou a minha palavra a você que visita esse blog, que até o final de 2006 finalizarei o meu trabalho de conclusão de curso. Conto com a sua cobrança!
Um dos grandes problemas com o qual sempre tive que lidar para manter os meus blogs é o fato de eu ter uma dificuldade enorme de síntese. Não me contento em escrever poucas linhas sobre determinado assunto, sabendo que poderia ir além não fossem as circunstâncias de sempre, tais quais falta de tempo e preguiça. Na maioria das vezes ocorre de eu abandonar projetos de posts pela metade. Portanto, sempre que me aparecerem fatos que mereçam destaque aqui no blog, mas não necessitem de um texto muito extenso, estarei me valendo do velho artifício das notinhas. Aí vão as primeiras. Espero que funcione.
- A lista dos convocados para a Copa do Mundo me satisfez. Só faria apenas duas alterações: tiraria Ricardinho, dando chance a Alex e colocaria Junior no lugar de Gilberto, para ser o reserva de Roberto Carlos na lateral esquerda.
- O Discoteca Básica é, com certeza, um dos melhores sites de música do país. Lá, Ricardo Schott resenha discos dos mais variados artistas e segmentos. Com um rico conhecimento de bastidores e estórias da música, Ricardo dá uma aula a cada post. Só para constar, Schott esteve em Natal no ano passado cobrindo o Festival DoSol. Eu já devia ter indicado esse site antes mas nunca me lembrava.
- Os meus planos de a qualquer momento me mudar para São Paulo com a banda podem ficar menos concretos depois do novo ataque do PCC. O negócio está tão brabo que as empresas de ônibus acabaram de anunciar que não haverá frota para amanhã. Imagina o caos que será uma cidade com 20 milhões de habitantes sem um ônibus sequer nas ruas.
- Tom Yorke, vocalista do Radiohead, vai lançar um disco solo em julho desse ano. Ótima notícia! Ainda esse ano deve sair o novo álbum da banda, fato que desmente – pelo menos à primeira vista – os boatos em torno do provável fim da banda com a investida de Yorke em trabalho solo.
- Se tudo correr como programado, ainda esse ano estarei seguindo os passos do carinha do Radiohead. Gravarei um disco só com canções minhas que penso não se encaixarem no trabalho do SeuZé. Se é cedo para isso, não sei. O fato é que não quero deixar de fazê-lo enquanto tenho condições. Qualquer novidade, com certeza trarei para cá.
- Jenny Wren, canção do último álbum de Paul McCartney, é uma das mais belas que ouvi em minha vida. Se tiver como, ouça essa música.
- Sugestões musicais: God Only Knows (Beach Boys), Jenny Wren (Paul McCartney), Itacimirim (A Cor do Som).
Por estar muito envolvido com a produção do show do SeuZé, mal pude assistir aos shows das outras bandas nessa edição do MADA. Mas, pelo que pude conferir e já conhecia de antemão, acho que a escalação das bandas foi feliz. Por mais que o meu gosto não tenha sido satisfeito, a programação foi coerente e mapeou legal a cena independente do país.
Gostei pra caramba do Moptop (RJ), Ímpar (MG), Los Porongas (AC), Filhos da Judith (RJ).
Não me entra de jeito nenhum todo o hype em torno do Cansei de Ser Sexy (SP). Performance forçada e execução deplorável. Definitivamente não vou a um show de música com o intuito maior de rir. Acho que todos puderam ver que no show do CSS o que menos importa é a música. Para completar, tive o desprazer de ficar em um quarto no mesmo corredor do das mocinhas. Como falam alto!
Das bandas potiguares, só pude acompanhar os shows dos Bonnies e do Revolver. O show dos primeiros foi muito fraco. Essa história de desleixe PREMEDITADO já deu no saco e atrapalhou a apresentação. O som estava ruim, a execução não foi das melhores e a interação com o público foi, como de costume, péssima. Já o Revolver fez um show muito bom, apesar de uns problemas técnicos no início da apresentação e de estarem todos muito nervosos antes de subir ao palco.
Não pude ver todo o show do Cachorro Grande, mas até onde conferi estava tudo muito mediano. Até hoje ainda não me acostumei com o vocal de Beto Bruno. Eu já estava muito cansado, ou talvez esteja ficando velho e chato para ouvir tanta gritaria.
O Biquini Cavadão mostrou ser competente no que se propõe a fazer, mas não satisfez o meu gosto, também. Como diria Marcos Bragatto, “a maior banda de baile dos últimos tempos” foi a protagonista do que deve ter sido a maior interação banda-público da história do festival. O porém: tudo isso às custas das canções de terceiros. São inegáveis o carisma de Bruno Gouveia e a maneira como a banda desperta a empatia do público. Mas, conseguir isso através de um repertório composto quase que exclusivamente por covers, diminui para bem menos da metade os méritos da questão. Acredite se quiser, mas eu nunca estaria satisfeito em ter uma resposta daquelas através de um trabalho que não é meu. Não dá mesmo!
O pouco que vi da apresentação de Pitty não me cativou muito. Salvo um bom cover de “Stockholm Syndrome”, do Muse, não vi maiores feitos. Tentando ser imparcial, levando em consideração que não sou muito fã do trabalho da cantora, devo admitir que o show foi bom e a participação do público foi bem bonita.
Não pude ver os shows de Nando Reis, Pavilhão 9 e do Rappa.
Sobre as outras apresentações, ou as bandas não me chamaram a atenção ou não tive oportunidade de conferir.
No geral o saldo foi positivo e o MADA deu mais um passo importante para se consolidar como um dos maiores festivais de música do país. Só espero trabalhar menos e estar mais disposto para acompanhar melhor as atrações do ano que vem.
“Cerca de 300 funcionários da Varig devem fazer hoje em Brasília uma marcha para pressionar o governo a ajudar a solucionar a grave crise financeira enfrentada pela companhia aérea. Eles partiram do aeroporto do Galeão (Rio de Janeiro) para Brasília em um avião MD-11 fretado da Varig”.
Folha Online - 11/04/2006 -11h09 ___________________ Mais de dez mil funcionários na iminência de demissão e R$ 7 bilhões em dívidas. Eis o dilema da Varig e do Governo Federal.
Não bastassem os problemas acima citados, a companhia área não tem conseguido ao menos arcar com as despesas correntes, como combustíveis e salários. Não será mais uma dose de complacência da União que fará a Varig se equilibrar financeiramente. Ao que parece, o Governo Federal já fez o que pôde, perdoando e reduzindo dívidas da companhia junto a empresas estatais como a Infraero e a BR Distribuidora (de combustíveis). Segundo a redação do Band News, a maior parte da dívida da empresa é com a União.
E lá vêm a CUT e a Força Sindical se valendo dos fins para justificar os meios. Lógico que é papel das centrais sindicais tentar prevenir que milhares de trabalhadores percam seus empregos, mas isso tem que ser feito com cautela. Se o Governo Federal mantiver a complacência com a inabilidade administrativa da Varig e perdoar ou aliviar as dívidas da empresa, vai estar abrindo um precedente difícil de se controlar. Qualquer grupo de empresários com mais influência e sensibilidade, quando em crise – ou não – se sentirá no direito de cobrar uma ajudinha do Estado, e mais, com o apoio da opinião pública.
O problema da Varig é de outra ordem. A empresa não soube se adaptar ao novo panorama do setor aéreo que se anunciou a partir do final da década passada. Vivemos num momento em que todos os setores de serviços brigam por expansão indiscriminada de mercado. O setor aéreo não é exceção. Já se foi o tempo em que era possível limitar perfil de clientela. Público alvo é necessário, se prender a ele é burrice. Não importa se as classes que o seu negócio terá de atingir sejam a C ou a D. Se o seu produto é caro para o cliente, baixe os seus custos ou crie um produto que suporte um preço mais baixo e atenda aos anseios da clientela.
Foi exatamente aí que a TAM, a GOL e a BRA se firmaram no mercado. A primeira, que começou a ocupar posição de destaque no momento que ainda reinavam absolutas Varig, Vasp e Transbrasil, hoje ocupa a liderança do mercado doméstico com cerca de 44% dos vôos. A GOL, por sua vez, ocupa a segunda posição que antes pertencia a Varig. A empresa copiou o modelo das companhias emergentes nos EUA. Além de oferecer vôos a preços bem mais competitivos que os da concorrência, o que possibilitou a conquista de outro perfil de cliente – que antes compravam os serviços de transporte rodoviário – as ditas empresas emergentes têm uma política bem pensada de compra de aeronaves. A GOL e a BRA têm poucos modelos em circulação (também é o caso da TAM que escolheu os Folker 100 com modelo padrão), geralmente com uma capacidade de passageiros menor do que os aviões das outras companhias, fatores que, além de baixar os custos de manutenção, possibilitam uma taxa de ocupação relativamente alta. No fim, tudo concorre para um preço final mais baixo. A Varig seguiu em caminho contrário. Demorou bastante para aderir aos chamados “vôos populares” e ainda insiste em manter em circulação aeronaves de vários modelos distintos.
Não dá em outra. Empresa mal administrada e que não se atualiza às tendências de mercado, quebra. Não é assim que acontece com as pequenas e médias que fecham antes mesmo de abrir? Estou certo que somando os infelizes das muitas empresas de pequeno e médio porte país afora, que perdem emprego, o resultado supera em muito os dez mil que estão por ficar sem salário.
Se a União pensa em fazer algo, talvez seja mais prudente traçar estratégias ou parcerias com as companhias que têm mostrado um bom desempenho nos últimos anos, para que estas tenham condições de absorver a mão de obra que a Varig não soube aproveitar.
Que o governo não ceda. Como diria um péssimo locutor de rádio AM da cidade: Varig, pra ti já era!
Lá pelos idos de 1998, quando não fazia muito tempo que havia ganhado o meu primeiro violão, eu já pude ter uma experiência de convivência em banda. Era uma coisa bem precária, mal-feita, mas era uma ótima diversão.
Junto de alguns amigos que, como eu, ainda despojavam insegurança quando na posse dos instrumentos que escolheram para si, tive uma experiência bacana tocando samba e pagode. Vale salientar que à época eu tocava violão. Hoje, quase dez anos depois, não me considero seguro o suficiente ao violão à ponto de integrar algum grupo em apresentações ao vivo. Imagina como era naquela época.
De todos os integrantes, creio que apenas um tinha conhecimento suficiente para tocar em harmonia com outros músicos. Flaubert, que tocava teclado e era uns cinco anos mais velho que eu, chamava a minha atenção por saber executar com precisão a introdução de Lanterna dos Afogados, dos Paralamas.
Entre ensaios e raras apresentações, a bandinha deve ter durado cerca de quatro meses. O suficiente para eu esticar as orelhas e arregalar os olhos à futuras investidas na música.
* * *
No último dia 29, depois de muito relutar, consegui, às cinco da matina, levantar da cama, lavar o rosto e escovar os dentes. Ainda de pijama saí de casa e me surpreendi ao ver grande parte dos meus vizinhos na mesma situação vergonhosa: roupas íntimas, gosto de cabo de guarda-chuva na boca e olhos remelentos. Não vi muita graça no eclipse. Mal escureceu, já começou a clarear de novo. E eu que pensava em ir à praia para acompanhar o fenômeno. Levando em consideração que o litro da gasosa chegou aos R$ 2,70, não foi má idéia ficar perto da cama.
Depois da escuridão, quando o sol já desistia de encoxar a lua, percebi, linda, uma vizinha que há muito não via. Com certeza ela era a única cuja roupa íntima fazia sentido. Ah se houvesse um eclipse por semana!
Pena que ela já voltava para casa. Muito provavelmente também achara essa história de eclipse uma grande bosta. Não hesitei em ir até a esquina para fitá-la mais um pouco. Eis que quando chego ao vértice do ângulo de 90°, ela já havia fugido do meu campo de visão. Mas, qual não foi a minha surpresa ao perceber se aproximando o grande Flaubert. Pelo tempo que ele confessou não usar o teclado, é certo ter esquecido os acordes daquela canção dos Paralamas. Entre lembranças da antiga banda e conversas sobre trabalho, ficamos dividindo o meu óculos de sol para tentar observar o que restava de lua no sol.
Prometemos um ao outro ser testemunha de que vimos o eclipse e que, Sandra Annemberg estando correta, nos encontraríamos novamente, em quarenta anos, para ver o dia virar noite e tirar sarro dos vizinhos. Só espero que a minha linda vizinha não saia de pijama dessa vez. Ainda falta quarenta anos!
No fim de 2004 foram levados ao Ministério Público Federal aqui no estado do Rio Grande do Norte questionamentos e dúvidas que tínha-se com relação de ser inconstitucional ou não a obrigatoriedade do músico ter que possuir Carteira da Ordem dos Músicos para poder tocar, se apresentar publicamente.
Diante disso, após analisar as questões legais envolvidas, o próprio Ministério Público entrou com processo na justiça questionando essa situação e agora dia 30 de janeiro de 2006 Saiu a sentença do PROCESSO: 2005.84.00.002989-0 onde o Juiz CARLOS WAGNER DIAS FERREIRA em linhas gerais diz:
“- A INSCRIÇÃO NA OMB DEVE SER EXIGIDA SOMENTE DOS MÚSICOS DIPLOMADOS COM CURSO SUPERIOR E QUE EXERÇAM ATIVIDADE EM RAZÃO DESSA QUALIFICAÇÃO, BEM COMO DOS QUE EXERÇAM FUNÇÃO DE MAGISTÉRIO, SEJAM REGENTES DE ORQUESTRAS OU DELAS PARTICIPEM COMO INTEGRANTES.”
“- MÚSICOS QUE SIMPLESMENTE APRESENTAM-SE PARA SOBREVIVER, E QUE REPRESENTAM A CULTURA POPULAR, NÃO PODEM SOFRER QUALQUER EXIGÊNCIA QUE CONFIGURE RESTRIÇÃO À MANIFESTAÇÃO ARTÍSTICA.”
* Se lhe for conveniente divulgue / repasse esta informação
———-
*SEGUE ABAIXO A NOTÍCIA OFICIAL CONFORME ESTÁ NO SITE DO MINISTÉRIO PÚBLICO
08/02/06 - Músicos terão liberdade de expressão garantida
A partir de agora, os músicos do Rio Grande do Norte não precisarão ter obrigatoriamente o registro na Ordem dos Músicos do Brasil (OMB) para exercer a atividade. A decisão é do juiz substituto da 4ª Vara da Justiça Federal, Carlos Wagner Dias Ferreira, e atende a uma Ação Civil Pública ajuizada pelo Ministério Público Federal no Rio Grande do Norte (MPF/RN), por meio do procurador da República Yordan Moreira Delgado.
A Ação, proposta em 2005, questionava a obrigatoriedade do registro alegando ferir diretamente os direitos fundamentais da liberdade de expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação. Com a decisão, a OMB, representada no Rio Grande do Norte pelo Conselho Regional, não poderá mais exigir de qualquer músico, amador ou profissional, registro prévio para retirada de carteira de músico, nem o pagamento de taxas ou anuidades para que possa apresentar-se em locais públicos.
A OMB terá ainda que declarar a nulidade de todos os procedimentos administrativos já instaurados contra os músicos, em função da falta do registro. A exceção é para os profissionais em que a as atividades requerem capacitação técnica específica ou formação superior, como especifica os arts. 29 a 40 da Lei nº 3.857/60.
O MPF ingressou com Ações semelhantes e obteve êxito em Estados como Pernambuco, Paraná e Acre. A multa diária no caso de descumprimento da decisão é de mil reais.
Talita Bulhões Assessoria de Comunicação Procuradoria da república no RN Fones: (84) 3232 3960/ 9926 9037
Sempre que me pego pensando a respeito da atuação da ONU, a conclusão de que a entidade vive mais de discurso do que de soluções práticas para os problemas que se propõe a resolver, é a única que tenho. Entretanto, me atrevo a propor uma explicação para o fato.
Apesar de o inglês ser o idioma padrão para a comunicação entre indivíduos de nacionalidades e línguas distintas, em todo o mundo, parece haver um grande problema na Organização das Nações, no que diz respeito ao entendimento das mensagens entre os seus reais membros e os reais interessados nos trabalhos do órgão.
O Secretário-Geral, Kofi Annan, tem mostrado uma sensibilidade ímpar no trato com as questões fundamentais propostas para o seu segundo mandato na entidade: reforçar o trabalho que a Organização leva tradicionalmente a cabo em prol do desenvolvimento da paz e da segurança internacionais; incentivar e promover os direitos humanos, o estado de direito e os valores universais da igualdade, da tolerância e da dignidade humana consagrados na Carta das Nações Unidas; e ainda restabelecer a confiança da opinião pública na Organização.
Infelizmente, e não pela vontade de Annan, a Secretaria Geral parece ser mais um cargo decorativo do que um centro de tomada de decisões concretas.
A passagem bíblica da Torre de Babel – que pode ser encontrada no capítulo 11 do Gênesis – sugere que em determinado momento da antiga história dos judeus, quando todos os homens ainda falavam a mesma língua, estes foram punidos por Deus. Segundo a interpretação tradicional, através da construção de uma torre que cruzasse o céu, o povo de Israel visava se aproximar da divindade, para então agradecê-lo por ter escapado do grande dilúvio que a tudo arrasou em tempos remotos.
Mas, a idéia de Deus vingativo e punitivo já estava no imaginário coletivo, na época em que certas partes do Gênesis foram escritas ou compiladas. Assim, Deus entendeu que a demonstração de agradecimento dos homens, não passava de um excesso de soberba, e que o homem pecava ao adorar a criação, ao invés de adorar o criador (a torre também seria um lugar de observação da lua, do sol e das estrelas). A divindade, então, lançou um encanto e fez com que todos os homens falassem línguas diferentes, o que impediu que os envolvidos na construção da torre se entendessem, levando o projeto por água abaixo.
Nos dias de hoje, levando em consideração que qualquer flanelinha mais esperto consegue pronunciar o bi-ei-bi básico do inglês, a construção de um monumento como a torre da antiga babel é possível. Vide os arranha-céus da terra do Tio Sam. Globalização é assim mesmo: estadunidense falando inglês contrata; latino-americano falando espanhol da América Latina constrói e árabe-mulçumano falando algo que só as hienas devem entender, põe tudo abaixo.
O maior problema da ONU não diz respeito à comunicação entre os seus integrantes, mas está no plano do entendimento. É fato que o campo de atuação das Nações Unidas está concentrado em países com baixo grau de desenvolvimento. O difícil é conciliar isso, partindo do pressuposto que o centro de tomada de decisões está nas nações que não necessitam dos trabalhos da organização. Por mais sensível que seja aos problemas alheios, a cúpula da ONU jamais terá a sensibilidade necessária para viabilizar soluções concretas, se a bagunça não acontece no seu jardim.
Eis que, se um estadunidense contrata mais um latino-americano para erguer um edifício qualquer, e convence o mundo todo que um árabe derrubou de novo, o Conselho de Segurança é convocado. E há gente que ainda briga por uma cadeira permanente nessa mesa…
Sempre que me pego pensando a respeito da atuação da ONU, a conclusão de que a entidade vive mais de discurso do que de soluções práticas para os problemas que se propõe a resolver, é a única que tenho. Entretanto, me atrevo a propor uma explicação para o fato.
Apesar de o inglês ser o idioma padrão para a comunicação entre indivíduos de nacionalidades e línguas distintas, em todo o mundo, parece haver um grande problema na Organização das Nações, no que diz respeito ao entendimento das mensagens entre os seus reais membros e os reais interessados nos trabalhos do órgão.
O Secretário-Geral, Kofi Annan, tem mostrado uma sensibilidade ímpar no trato com as questões fundamentais propostas para o seu segundo mandato na entidade: reforçar o trabalho que a Organização leva tradicionalmente a cabo em prol do desenvolvimento da paz e da segurança internacionais; incentivar e promover os direitos humanos, o estado de direito e os valores universais da igualdade, da tolerância e da dignidade humana consagrados na Carta das Nações Unidas; e ainda restabelecer a confiança da opinião pública na Organização.
Infelizmente, e não pela vontade de Annan, a Secretaria Geral parece ser mais um cargo decorativo do que um centro de tomada de decisões concretas.
A passagem bíblica da Torre de Babel – que pode ser encontrada no capítulo 11 do Gênesis – sugere que em determinado momento da antiga história dos judeus, quando todos os homens ainda falavam a mesma língua, estes foram punidos por Deus. Segundo a interpretação tradicional, através da construção de uma torre que cruzasse o céu, o povo de Israel visava se aproximar da divindade, para então agradecê-lo por ter escapado do grande dilúvio que a tudo arrasou em tempos remotos.
Mas, a idéia de Deus vingativo e punitivo já estava no imaginário coletivo, na época em que certas partes do Gênesis foram escritas ou compiladas. Assim, Deus entendeu que a demonstração de agradecimento dos homens, não passava de um excesso de soberba, e que o homem pecava ao adorar a criação, ao invés de adorar o criador (a torre também seria um lugar de observação da lua, do sol e das estrelas). A divindade, então, lançou um encanto e fez com que todos os homens falassem línguas diferentes, o que impediu que os envolvidos na construção da torre se entendessem, levando o projeto por água abaixo.
Nos dias de hoje, levando em consideração que qualquer flanelinha mais esperto consegue pronunciar o bi-ei-bi básico do inglês, a construção de um monumento como a torre da antiga babel é possível. Vide os arranha-céus da terra do Tio Sam. Globalização é assim mesmo: estadunidense falando inglês contrata; latino-americano falando espanhol da América Latina constrói e árabe-mulçumano falando algo que só as hienas devem entender, põe tudo abaixo.
O maior problema da ONU não diz respeito à comunicação entre os seus integrantes, mas está no plano do entendimento. É fato que o campo de atuação das Nações Unidas está concentrado em países com baixo grau de desenvolvimento. O difícil é conciliar isso, partindo do pressuposto que o centro de tomada de decisões está nas nações que não necessitam dos trabalhos da organização. Por mais sensível que seja aos problemas alheios, a cúpula da ONU jamais terá a sensibilidade necessária para viabilizar soluções concretas, se a bagunça não acontece no seu jardim.
Eis que, se um estadunidense contrata mais um latino-americano para erguer um edifício qualquer, e convence o mundo todo que um árabe derrubou de novo, o Conselho de Segurança é convocado. E há gente que ainda briga por uma cadeira permanente nessa mesa…
Eis que depois de um sedentarismo de oito anos, volto a fazer uma atividade física com freqüência. Desde 1998, quando abandonei o judô, o mais próximo de esporte que faço é jogar sinuca esporadicamente e bater pelada vez ou outra. O fato é que desde que saí do tatame, me encontrava num sedentarismo sem fim.
Não tardou para que as primeiras conseqüências da minha escolha aparecessem. De janeiro de 2004 para cá, já passei por duas crises de tendinite no punho (com uma imobilização do mesmo), duas luxações no ombro (com direito a duas imobilizações) e um sem fim de outras mazelas, todas, claro, surgidas pelos meus hábitos não tão saudáveis.
Em minhas idas a diferentes ortopedistas, o diagnóstico de que os meus problemas têm relação direta com o sedentarismo, foi unanimidade. Unanimidade, também, foi a solução apontada por todos os médicos que procurei, para amenizar os meus problemas de saúde: academia. Meio que por indisposição, horários apertados e preconceito bobo, protelei bastante.
O preconceito a que me refiro diz respeito ao fato de, até então, eu não conceber a idéia de entrar numa academia para fazer musculação. Na realidade, eu só analisava essa questão do ponto de vista da estética. Como sempre fui satisfeito com a minha magreza e ossos em primeiro plano no corpo, não via sentido em passar horas levantando peso para tornear músculos e coisas do tipo. Até aí, sinuca e futebol regados à cerveja resolviam todas as minhas carências.
No fim de 2005, comecei a dar crédito às palavras da medicina e decidi procurar uma academia. Por coincidência, pouco tempo depois, o SeuZé e a Academia Hi-Fit fecharam uma parceria. Assim, na última segunda-feira comecei a atividade da qual tanto fugi.
Entre dores em quase todo o corpo, restou disposição para compensar todas calorias perdidas em um rodízio de pizza. Contudo, juro que não pedi nenhum chope.
Há um bom tempo venho refletindo sobre a atuação dos políticos com cargos majoritários no nosso estado. Uma conclusão a que cheguei sem muito esforço é a inexpressão do nosso atual prefeito. Quem acompanhou a última campanha, deve ter percebido que a sua eleição só foi possível graças à habilidade da governadora Wilma de Faria de criar alianças fortes.
De fato, Dona Wilma não perde uma eleição – seja concorrendo ao pleito ou apoiando alguém – desde que saiu vencedora das eleições de 1988, assumindo a prefeitura de Natal. De lá para cá, elegeu prefeito Aldo Tinoco em 1992. Foi eleita prefeita pela segunda vez em 1996 e reeleita em 2000. Em 2002 renunciou ao cargo em nome do vice, Carlos Eduardo, para se candidatar e eleger governadora. Finalmente, nas eleições de 2004, apoiou e foi a maior responsável pela reeleição de Carlos Eduardo Alves à prefeitura da cidade.
Seguindo uma das premissas básicas da política, tem uma máquina de propaganda eficiente coordenada pelo competente marketeiro Alexandre Macedo. Entretanto, parece não ter passado tais conhecimentos para o atual prefeito. O que menos se vê na gestão de Carlos Eduardo são propagandas dos seus feitos. Não se sabe, porém, se a explicação está na ineficiência da sua assessoria de imprensa, ou na insuficiência de ações que mereçam repercussão na mídia.
O fato é que com toda a sua apatia e timidez, o atual prefeito segue governando meio que à surdina, na sombra da governadora. Não deve ser raro que uns muitos natalenses mais desavisados não saibam nem o seu nome. O cara consegue ser tão inexpressivo que não serve nem para se falar mal. É fato que a vice-prefeita, Micarla de Souza, consegue ter mais notoriedade do que ele. Se bem que, em pouco tempo, é bem provável que tal visibilidade possa se dar de maneira independente, visto que a relação entre os dois não está lá tão boa.
O prefeito aparece tão pouco que nem a oposição – atualmente configurada nos seus desafetos políticos de família (isso mesmo! A sua trajetória política é tão peculiar que ele tem a própria família, os Alves, como adversários políticos) e na pessoa de Luiz Almir – tem matéria-prima para se opor à gestão da atual prefeitura.
Meio que atestando o que foi escrito até aqui (e esse exemplo vai além da opção de torcedor deste com vos escreve), Carlos Eduardo Alves, ao contrário da governadora Wilma de Faria, do presidente da Câmara dos Deputados – Robinson Farias e de muitas outras autoridades, não esteve presente na inauguração do Frasqueirão, estádio do ABC Futebol Clube. Em seu lugar, Rogério Marinho, presidente da Câmara dos Vereadores, foi enviado como representante.
Que a torcida do ABC é grande, todos sabem. Mas, é preciso mais que patrocinar iluminação de estádio e encontrar com as câmeras de vez em quando, para se firmar na política.
Se o prefeito pretende concorrer às eleições de 2006, que trate, urgentemente, de rever a propaganda da sua gestão, ou, quem sabe, reformar o Machadão.
Os indivíduos que não têm uma resposta mais convincente para a indisposição com que lidam com a labuta, costumam dizer que, no Brasil, o ano só começa após o Carnaval. Confesso que sou um admirador da folia carnavalesca, mas, nesse ano que se inicia, não está nos meus planos participar da festa.
Isto posto, estou antecipando em um mês as atividades que planejei desenvolver em 2006. Desde o reveillon, tenho migrado de Natal para Cotuvelo, o que tem me impedido de me comprometer com muita coisa por aqui. Tive um recesso generoso de 15 dias, coisa que não me dava ao luxo desde 2001, por mais que a minha real assiduidade à UFRN tenha me proporcionado bons momentos de relaxamento.
Durante essas duas semanas, pude coçar o saco até irritar a pele da região escrotal, além de descansar bem e definir um esboço de planejamento para esse ano. Decidi que, a exemplo do que tenho feito há uns quatro meses, antes de tentar concretizar novas idéias, preciso retomar de maneira efetiva as que já estão esperando há mais tempo. A fila de idéias tem me feito bem e tenho conseguido me organizar melhor dessa maneira.
Como já foi dito, nesse ano, não encararei a quarta-feira de cinzas como o meu 31 de dezembro. Estarei completamente apto ao início do tal planejamento a partir da próxima segunda-feira, dia 29 de janeiro, quando já estarei definitivamente em Natal, completamente livre da sedução de hibernar em uma rede e de coçar o saco.
O que planejei para 2006? Você verá por aqui no decorrer do ano. Mas, de antemão, prometo que esse blog está na frente da fila e não se propõe a virar um mero diário ou comunicador de agenda desse que vos escreve.
Depois de um recesso para definir o meu futuro acadêmico, o Cabaret está reabrindo. Antes de mostrar as novas putas e postar as idéias e percepções recentes, aí vai um upload do cafetão.
História Estava nos meus planos concluir o curso ainda em 2005, mas deixei algumas leituras para muito perto do prazo final e a minha monografia não ficaria do jeito que eu quero. Assim, somente no meio de 2006 estarei entregando o meu trabalho de conclusão. A boa é que já me livrei das aulas. Só piso na UFRN para orientação, para pegar algum livro ou para conversar miolo de pote na cantina do setor II.
Não me recordo se já havia comentado em algum dos meus finados blogs sobre o fato de eu ter diminuído drasticamente a minha carga de leitura após entrar no curso de História, o que, à primeira vista, é meio estranho. Coincidência ou não, exatamente na iminência de receber o canudo e estar completamente desligado da universidade, estou bem empolgado com algumas leituras que tenho feito.
Música Nos últimos meses tenho me envolvido muito com os meus projetos musicais. O SeuZé está caminhando bem e a repercussão do primeiro CD está sendo muito bacana. Em breve começaremos a divulgação em massa fora do Rio Grande do Norte. Estamos trabalhando canções novas que estarão nos shows em breve. Só voltaremos ao palco em 2006. Confira a agenda em www.seuze.net
Há uns três meses, voltei para a Experiência Ápyus, banda da qual havia me desligado por compromissos – não honrados – com a UFRN. De lá para cá fizemos poucas apresentações, já que estamos mais concentrados e empolgados com a gravação do segundo trabalho. O projeto é bem ousado para uma banda independente. Estamos gravando um disco duplo e fazendo um vídeo release a partir de imagens capturadas nas sessões de gravação.
Também estou ensaiando com um projeto que em breve estará tocando blues de diversos períodos e artistas nos pubs de Natal. A banda é composta por músicos que são conhecidos pelos seus trabalhos com outras bandas. Segue a formação: Glay Anderson (Moby Dick) no vocal, Felipe Rebouças (Os Grogs) na guitarra, Cleo Lima (Revolver) na guitarra e voz, Lipe Tavares (SeuZé/Experiência Ápyus) no baixo e voz e Roosevelt (Boca de Sino) na bateria. O lançamento do projeto será na primeira metade de janeiro de 2006, no Budda Pub.
O Cabaret de Luxo não tem promoções de fim de ano, mas as putas são novas e o serviço está de volta. Aumente o volume do tango, tire a roupa e volte sempre.
O fato de nesse ano eu não ter sido tão assíduo em minhas idas ao cinema, não me tira o direito de protestar. É realmente uma pena saber que o Cine Natal fechou as portas. Já tinha ouvido falar que o Grupo Severiano Ribeiro havia declarado o fim das atividades das salas que mantinha no Natal Shopping. Mas, somente na última semana pude constatar, com os meus próprios olhos, o compensado branco que tomou o lugar das portas de vidro do finado cinema.
Não posso negar que tenho um apreço especial pelas coisas materiais, dos mais variados tipos. Mas, excetuando-se alguns poucos bares (em especial os que abrigam sinucas oficiais), o Machadão, o Colégio Salesiano e o meu quarto, nunca mantive ligação mais profunda com estruturas físicas. Eis que o velho clichê mais uma vez se anuncia: só valorizamos algo quando o damos por perdido. Quando vi que aquele lugar que me proporcionou sensações tão bacanas acabou, deu uma tristeza...
Tristeza maior ainda senti ao lembrar do fim do Cine Natal, assistindo o besteirol “Gigolô Europeu Por Acidente” na sala 2 do Moviecom, no feriado de finados. Que sala de exibição minúscula! Que som ruim! Deu uma saudade grande das salas espaçosas do Natal Shopping. Espero ansioso que os grupos responsáveis pela construção das salas que estão para ser inauguradas no Midway e no Shopping Orla Sul não economizem tijolos e façam salas aptas a receber pelo menos três centenas de pessoas.
Uma das coisas mais complicadas de se fazer numa banda, com certeza é um release legal. É uma tarefa muito difícil conseguir passar, o mais parcial e sintético possível, o que é o grupo. Eu sempre tomei a iniciativa de fazer os releases das bandas em que toquei e nunca consegui ir além de um elogio de si mesmo, enqüanto banda.
Decidi comprar o desafio e escrevi o novo release oficial do SeuZé. O resultado está o mais factual, sintético e parcial que consegui. Essa vai ser a primeira leitura que os produtores e mídia de fora terão da banda quando começarmos a enviar o CD para as outras regiões. Espero que gostem.
RELEASE
Antes de qualquer coisa o SeuZé é uma banda que toca música sem se preocupar com a amplitude de significações e abrangência de estilos que o nome música sugere. Se para alguns a diversidade musical pode implicar em falta de identidade ou personalidade, para os Zés a lógica é outra. E não poderia ser diferente. Ora, como esperar que quatro indivíduos com gostos e referências musicais completamente diferentes produzam um som uniforme que possa ser tachado ou enjaulado em determinado segmento?
É assim, na contramão do que geralmente ocorre com grupos em início de carreira – formados pelas afinidades – que, desde 2003 o SeuZé, originado em Natal, vem construindo um trabalho sólido a partir das diferenças dos seus músicos. A banda tem a consciência de que em arte não existe originalidade, no máximo pioneirismo. Tudo é referência, reinvenção. É nesse sentido que o grupo não teme assumir a influência que sofre de artistas que, por mais que aparentem não estar em sintonia ou contemporaneidade, se encontram na perpendicular do bom gosto.
O primeiro CD do grupo, Festival do Desconcerto, lançado pelo selo potiguar Mudernage Diskos, aponta para esse caminho: mais o assumir de diferenças e influências do que um projeto utópico de originalidade. No primeiro trabalho do SeuZé pode-se constatar, sem muito esforço, a ironia de um Noel Rosa ou Mutantes, a indignação de Chico Buarque e Radiohead, a melodia de Caetano Veloso e Los Hermanos, o peso do Sepultura e do Muse, a cadência de Luiz Gonzaga, B. B. King e Chico Science, ou ainda, e por que não, o imaginário de Stanley Kubrick.
Lipe Tavares, FeLL, Augusto Souza e Xandi Rocha vêm, nesses três anos de carreira, conseguindo firmar o SeuZé como um dos nomes mais representativos da atual música independente nordestina. Fato é que o grupo tem sido alvo de matérias da mídia especializada de diversos estados do Brasil. A participação da banda, no ano de 2005, em alguns dos mais importantes festivais do país, como a Feira da Música (CE) e o TIM MADA (RN), atesta o bom momento. Também são prova do reconhecimento que os Zés têm conseguido, as 8 indicações, que receberam, em 2004 e 2005, a uma das mais importantes cerimônias musicais do Nordeste, o Prêmio Hangar de Música.
A máxima do SeuZé é, sem dúvidas, a de fazer música sem se preocupar se ela vai se chamar samba, xote, rock, tango ou vai ser simplesmente anônima. Se ela tiver o apelido de bom gosto e soar doce aos ouvidos e se mostrar inteligente aos olhos, é c’est fini, fim de papo.
DISCOGRAFIA
SeuZé (Demo). 2003. Independente. Coletânea Bronzeador Virtual (CD-R/Coletânea virtual). 2004. DoSol Records. Realidade Não Tão Paralela (EP). 2004. DoSol Records Coletânea Virtual Papa – Jerimum/Tim Mada 2005 (CD-R/Coletânea virtual). 2005. Rock Potiguar. Festival do Desconcerto (CD). 2005. Mudernage Records.
Até os mais leigos em História devem saber que muitos dos costumes e práticas das sociedades ocidentais na atualidade são herança da civilização romana. Noções de direito, política são o que nos parecem mais óbvio. Por mais que a história possa ser seletiva, é fato a contribuição dos romanos para a formação do “mundo ocidental”. Porém, há uma máxima dos nossos queridos antepassados, eternizada como verdade universal dos sem caráter, que eu discordo, modéstia parte, com autoridade para tal.
“A verdade está no vinho”.
Aprecio um bom vinho como poucos devem fazer, mas não creio que haja algo de hipnótico na bebida que embalava os bacanais (cabarets de luxo antigos). Já passei por momentos em que o ritmo com que mantinha contato com etílicos beirava a dependência química. Hoje em dia até me vanglorio de estar em situação bem diferente, levando uma vida mais saudável. Mas, nunca, em todas as minhas aventuras e inúmeras sagas em que estive com o cérebro e o coração embebidos em álcool, me apoiei nisso para justificar alguma falha que tenha cometido. E olha que a quantidade de etílicos que já ingeri deve exceder o imensurável.
Já passei pelos diversos estágios da embriaguez e posso garantir, de pés juntos ou separados, fazendo um quatro ou um oito, que você é o que quer ser, esteja bêbado ou não. Estou de saco cheio de ver conhecidos e desconhecidos se valerem de uma desculpa tão chula para justificar as suas irresponsabilidades ou erros.
Eu me assumo como portador de irresponsabilidade, impontualidade, esquecimento e outras mazelas. Mas essas são características minhas e não dizem respeito à bebida nenhuma. Falto com os meus compromissos, me atraso e esqueço de porquês e poréns, esteja são ou não.
Entendo que cada individuo possui a sua individualidade e características próprias, sendo um mais suscetível às conseqüências da embriaguez do que o outro. Mas, qualquer pessoa, sabendo não ter autocontrole suficiente para continuar sendo o que é quando sóbrio, assumindo uma cara a cada gole, ainda tem a opção de continuar um só: fechar a boca ao que lhe levar a sobriedade.
Não sou um historiador diplomado, de papel passado, e nem precisava ser para me atrever a reescrever a história. Para mim, o prazer está no vinho. A verdade não.
É me recuperando de uma LER no ombro direito e na reta final para a conclusão da minha monografia que abro as portas do Cabaret de Luxo. Esse espaço não tem outra ligação com o finado Papo Passado a não ser o fato de também ser escrito por esse que lhe dirige a palavra. Nunca consegui me empolgar de verdade com o meu antigo blog, eis que quando me bateu a vontade de escrever novamente, decidi criar esse espaço com novo layout, novo nome e hospedado em um novo servidor.
Já dei boas fuçadas e acho que vai dar para fazer coisas legais por aqui. O blogspot é bem funcional. Espero estar postando com uma freqüência bacana. Vista esporte fino e sinta-se à vontade para aparecer sempre por aqui. Se fizer calor, eu deixo tirar a roupa.
Sempre fui muito mimado. Quando eu queria uma coisa, insistia até ganhar. Com a guitarra não foi diferente. Meu pai comeu o pão que o diabo amassou (e cagou) com essa história.
“Não precisa mais insistir. Você vai ganhar sua guitarra. Mas se ficar em recuperação, não ganha nem biloca”.
Infelizmente, a minha vida musical sempre esteve diretamente ligada aos estudos. Se eu ia bem na escola, tranqüilo. Caso contrário, nada de instrumentos. Novembro de 1997. Finalmente havia eu enfrentado a 8ª série. Para o meu desespero (e sossego geral da vizinhança), havia ficado em recuperação em Ciências (a partir desse contato inicial, eu passei a odiar Química pelo resto da minha vida. Reza a lenda que não abri o livro da detestada matéria uma vez sequer no ano de vestibular) e sonho da guitarra estava adiado. Insatisfeito e discretamente conformado, fui assistir a tal aula de Química. Lembro como hoje. O professor, se chamava João Roberto. Gerente de banco, dizia ele que ensinava por hobby. Mesmo com toda a boça atestada na narrativa de suas últimas viagens ao redor do mundo, era um professor bom e honesto. Chegando à primeira aula da recuperação - para variar atrasado – me deparei com João Roberto comentando a última prova: a que tinha me tirado do caminho da guitarra. Minha chateação era tamanha que não quis ver os comentários. Mas o professor, apesar de ensinar Química e ser botafoguense era sensato.
“Luis Felipe, olhe sua prova. Pode haver algum erro de correção”.
Meio sem vontade, segui os sábios conselhos. E não é que a minha prova havia sido corrigida de maneira errada. Não me lembro de números exatamente, mas era coisa de um ponto a menos. Exatamente a diferença que me faria passar. Resolvido o mal entendido, nota corrigida na caderneta, dedo estirado para o resto da turma, voei para casa. Não me importava se meu pai é a pessoa mais mal humorada do mundo na hora do almoço. Quando sentou na mesa, a primeira coisa que ouviu foi um:
“Me dê o dinheiro. Eu não fiquei em recuperação. Pode me dar minha guitarra”.
Explicado o sucedido, ele foi categórico. Me deu o dinheiro ali mesmo na hora, talvez mais interessado em me ver longe dali, do que pensando na minha felicidade musical. Passei a tarde entediado sem achar o cara que me venderia o motivo dessa capação de porco. À noite finalmente eu o encontrei e feita a negociação voltei feliz para casa. Mesmo sem uma qualidade sonora perfeita, a guitarra era mesmo linda. Uma Jennifer stratocaster anos 80, de cor vinho. Meu pai jamais poderia imaginar a capação de gorila que aquela aquisição causaria. De fato, meus companheiros de lar já estavam acostumados com o som do meu quase afinado violão. Mas uma guitarra elétrica sem amplificador, plugada no som da sala, falava um pouco mais alto que seu irmão acústico.
Como eu havia prometido, estou trazendo mais novidades sobre a banda. Na próxima Quinta estaremos tocando no Colégio Salesiano. Vai rolar uma feira de arte, a entrada é franca e tem tudo para ser bem legal. O Seu Zé deve tocar por volta das 18h30. Outra notícia legal é que provavelmente até o fim desse ano estaremos lançando nosso primeiro CD DEMO. A previsão inicial é que 4 músicas componham o trabalho. Uma já está finalizada e disponível na Internet. Entre no canal do IRC #SeuZe e peça o mp3 de Antônio Conselheiro a algum OP. No inicio de outubro entraremos em estúdio para gravar mais 3 músicas. As pré-selecionadas são as já conhecidas “Sai Galada”e “Plantando no Céu e Colhendo no Inferno”. A terceira provavelmente será a novíssima “Saudades do Sertão”. Essa música tem saído muito bem nos ensaios, e iremos estreá-la ao vivo no show de quinta-feira. Pra fazer a pré-produção da gravação, entraremos em retiro esse fim de semana. Na Sexta à noite nos isolaremos, e só daremos notícias ao mundo Domingo à noite. Iremos provavelmente para a praia de cotuvelo ou para uma granja na cidade de Macaíba. Levaremos todos os instrumentos e parafernália de som para finalizar os últimos arranjos e detalhes das músicas a serem gravadas. Para quem está cobrando fotos aqui no Blog...vou levar uma máquina fotográfica e prometo depois colocar algumas fotos do retiro. Outros shows estão sendo agendados. Em breve trago mais notícias.
DICA DO DIA Apesar de não ser nada musical, a dica de hoje não podia deixar de ser dada. TANAKA!! Bixo, que lanche bom da porra! Ontem fui lá com a minha namorada e dei uma de animal. Quem já foi lá, sabe qual o tamanho do sanduba. Pois é...comi o meu e o de Lauren. Hehehe. Mas tem um detalhe...vá ao Tanaka da Bernardo Vieira. O rango de lá dá de 10 a 0 no Tanaka da Praça Cívica. Não tem PittsBurg, McDonalds ou Bobs que chegue perto. Acho que agora vou ganhar uns gramas a mais...
Bem, finalmente trago notícias musicais. Para quem ainda não sabe vou dar uma recapitulada. De janeiro de 2000 à janeiro de 2003, passei um período muito legal da minha vida tocando com o República 5. Infelizmente por problemas de desentendimento escolhi sair da banda. Esse assunto parece ainda não ter sido esclarecido. Muita gente ainda pergunta o porque, ou os porques. Bem, vou dar a minha versão. Sintam-se livres para ouvir “o outro lado”. Dia 31 de janeiro de 2003, o República 5 fez seu último show com a antiga formação (Fellipe, Lipe, Gustavo e Carlinhos). Depois daí passamos mais de um mês sem ensaiar, sem tocar, nos falando muito pouco. Já fazia algum tempo que eu e Fellipe vínhamos insatisfeitos com algumas atitudes e opiniões de Carlinhos. Depois do show do dia 31, o clima estava tão chato a ponto de não mais telefonarmos para ele, e ele não telefonar para a gente. A coisa foi morgando, morgando... Eu e Fellipe pensamos em conversar com Gustavo para saber qual a posição dele, se ele estava satisfeito ou não, mas achamos melhor deixar que ele falasse o que tava achando de maneira livre, sem pressão. Então decidimos sair da banda. Não estávamos satisfeitos em estar tocando com Carlinhos. Ao contrário de alguns boatos que ainda estão correndo por aí (que eu nem sei se foi mesmo Carlinhos que falou), que dizem que saímos por que tínhamos sidos postos para fora da banda, nós saímos por iniciativa própria. Preferimos sair da banda, começar do zero, para não precisar chegar pro cara e dizer: “Ei, você tá fora da banda. Vamos tocar com outro batera”. Abrimos mão de um nome relativamente conhecido, de um trabalho de três anos. Estávamos prestes a gravar nosso primeiro CD. Nossa agenda estava boa, estávamos tocando com uma boa frequência. Mas não estávamos felizes. Caímos fora. Gustavo continuou com Carlinhos, mas saiu pouco tempo depois. Logo ao sair da banda eu Fellipe encabeçamos outro projeto e chamamos Xandi e Augusto (os dois ex-Garagem S/A) para compor a formação. Era o Ghandaia. Pouco mais de 1 mês de ensaios, estávamos tocando pela noite da cidade. Nesse intervalo de tempo, decidimos como essencial a presença de um percussionista. Depois de alguns testes, Cyro entrou e fechou a formação da banda. Mas, a dois meses atrás fomos pegos de surpresa com um e-mail. Havia outra banda com nome Ghandaia, nos EUA. Nos descobriram em alguns sites de bandas independentes, e como eles tinham o registro da marca Ghandaia, fomos forçados a mudar de nome. O nome escolhido foi Seu Zé. Faz mais ou menos 2 meses que estamos só ensaiando, compondo e pensando no nosso som. O Seu Zé está pronto, de repertório novo e muito motivado. AGENDA Quinta-feira, 18/09, será o primeiro show dessa nova fase. O Seu Zé vai tocar no Fest Art do Colégio Salesiano. A entrada é franca e a festa começa por volta das 18h. Tenho mais novidades sobre a banda, mas o trabalho me chama. Assim que eu tiver um tempinho, posto mais.