Uma dos virais de Instagram de que mais gosto é quando todos passam a postar a suas estatísticas de músicas ouvidas geradas pelo Spotify, Apple Music e afins. Acontece que no afã de ter engajamento antes das festas de fim de ano, esses serviços costumam limitar os dados anuais até fins de novembro. Para pessoas que como eu vêem diversão e têm uma pequena obsessão com a precisão desses números, esse limite incomoda.
Desde pelo menos 2020 voltei a usar mais assiduamente o saudoso Last.fm e tenho me divertido bastante explorando a quantidade de dados que o serviço gera. E o mais legal: não apenas a cada dezembro, mas ao longo de cada ano é possível ter acesso a estatísticas parciais do que se ouviu. Abaixo um resumo das minhas estatísticas para 2022.
Resumindo as estatísticas: como em 2021 e 2020, Jorge Drexler esteve sempre presente nas minhas audições. Tinta Y Tiempo foi realmente o meu álbum favorito de 2022. As gratas surpresas foram Bala Desejo - cujos integrantes eu já acompanhava em seus outros projetos e Moons. Algumas entradas que aparecem nos meus rankings são meio que ossos do ofício. Foi o caso de Shiny Happy People, do REM, que eu ouvi bastante pois a música entrou no repertório da Banda Café. Fiquei obcecado por "Água", de Djavan, após ouví-la numa versão de Mônica Salmaso e Vanessa Moreno. Linda canção, que este que escreve ainda não foi capaz de executar bem ao violão.
Tem sido bacana brincar com essas nerdices sobre os meus hábitos de escuta musical. Mais para a frente pretendo escrever um post em que explicarei quais aplicativos, configurações e equipamentos eu utilizo para ouvir música.
***
Desde 2016 venho listando aqui no blog as minhas estatísticas de músicas e discos ouvidos. Os anos anteriores ficaram assim: 2021, 2020, 2019, 2018, 2017, 2016.
Hoje me considero bastante adaptado aos serviços de streaming como principal plataforma para ouvir música. Ainda que por puro fetichismo e apego sentimental eu ainda guarde alguns poucos CDs, e há pouco mais de 10 anos tenha ensaiado voltar a recorrer a LPs, realmente desapeguei das mídias físicas.
Mesmo assim sinto falta de um aspecto que costumava integrar os encartes dos discos, tanto digitais quanto analógicos: a ficha técnica das gravações.
Se à medida que fui formando o meu gosto musical, as letras contidas nos álbuns me eram indispensáveis, os créditos dos envolvidos na produção dos discos foram cada vez mais me interessando, sobretudo ao passo que eu começava a dar os meus primeiros passos na composição e na produção musical. Desde o Festival do Desconcerto, lançado em 2005 pelo SeuZé, faço questão de registrar e divulgar cada mínimo detalhe da produção dos discos em que estou envolvido: quem tocou cada instrumento em cada faixa, por exemplo.
Salvo um eventual saudosismo por discos de vinil ou vontades repentinas de ter toda a discografia de Caetano em CDs, estou bastante acostumado e satisfeito com a praticidade e custo-benefício do Spotify e Apple Music, serviços entre os quais costumo revezar. Outro aspecto que me prende ainda mais aos streamings de música é a integração com o Last.fm, essa maravilha da Internet que resiste bravamente, e que me permite praticar a obsessão em metrificar o que ouço ao longo do tempo. É como ter acesso à função "mais ouvidos" que o Spotify disponibiliza em dezembro, a qualquer momento e sem se restringir ao filtro do último ano.
Entretanto, realmente sinto falta de que os serviços de streaming de música sejam mais ativos em solicitar essas informações das empresas que distribuem as obras dos artistas em suas plataformas. E não falo apenas do detalhamento dos intérpretes e instrumentistas que atuaram em determinado single ou disco, mas também de dados sobre os responsáveis pela gravação, mixagem e masterização de cada fonograma. Gostaria muito de poder fazer com a música que ouço, o que já faço a um tempo com os livros e filmes que consumo.
O Letterboxd, por exemplo, espécie de rede social dedicada ao cinema e serviço de compartilhamento de críticas sobre filmes, organiza o seu catálogo de uma forma que todos os envolvidos na produção de uma película têm os seus nomes clicáveis no aplicativo, com a possibilidade de se ver tudo em que já trabalharam. Dessa forma, ao assistir um filme específico cujos trabalhos de direção ou direção de fotografia me chamaram a atenção, por exemplo, posso facilmente acessar a filmografia dessas pessoas e descobrir com relativa facilidade como continuar explorando as suas obras.
Na falta de funcionalidades semelhantes no Spotify e similares, ou mesmo de aplicativos dedicados para esse fim, alguns livros acabam cumprindo essa função para mim.
O site Discos do Brasil é uma excelente iniciativa nesse sentido, mas depois de me acostumar com as funcionalidades do Letterboxd, faz muito sentido para mim poder acessar essas informações de créditos dos fonogramas diretamente no serviço de streaming que uso.
Aguardo ansioso para poder explorar, de forma descomplicada e com obsessão, as discografias - não apenas de compositores e intérpretes - mas também de técnicos de mixagem, masterização e produtores musicais.