Conheci Carlinhos aos 7 anos de idade. A gente jogou muito futebol e brincou de "Comandos em Ação" juntos.
Pela vizinhança, não demorou para virarmos grandes amigos.
Nossos primeiros passos na música foram juntos. Pensamos que tocamos em uma banda de pagode, aos 16 anos. E a partir daí não nos separamos mais (que romântico...).
Quando decidi que iria vender minha guitarra para comprar um violino e um cavaquinho, ele foi o primeiro a tentar me convencer a não fazer isso. Tanto tentou que conseguiu.
Certo dia ele me ligou dizendo: "venha aqui em casa que eu tenho um presente para você". Não levei mais que 20 segundos para estar batendo na porta da casa dele (fato não tão impressionante, já que até hoje moramos a 50 metros de distância um do outro).
Chegando lá, e após seguir algumas instruções, fui até o quarto do cara com os olhos fechados. Ao abri-los, a grande surpresa: um contrabaixo elétrico Gianinni Stratosonic anos 80. No momento não entendi o que aquilo significava, e as conseqüências que aquele gesto traria.
Observando o meu sorriso e a minha cara de satisfação ele falou: "Esse baixo é do meu tio, mas está parado faz um bom tempo. Ele é seu até que você compre um".
Comecei a tentar aprender o instrumento, e ao contrário do que passei com o violão e com a guitarra, o desenvolvimento foi bem rápido.
Mas eu não estava feliz. Não estava gostando de tocar baixo.
Demorou para que eu deixasse de tocar o novo instrumento mais por obrigação do que por gosto.
Era algum mês de 1998, eu havia vendido minha guitarra e trocado meu violão. Minha barba estava começando a fechar e eu estava começando a gostar de aprender a tocar baixo.
História musical de um jovem orelhudo e olherudo - Parte 6
Felipe Tavares
@felipetavares